terça-feira, 1 de março de 2016

O regresso à vida escrita

Eis que estou de volta, a eterna aprendiz, que não se contenta com o muito, mesmo porque o único muito em sua vida seria a ansiedade de crescer, aprender...  Atravessei mares e oceanos imensos, sem saber ao certo em que momento contaria isso a vocês,  ou em que tipo de metáforas utilizaria para descrever tais fatos.



O quanto chorei, inundei, me afoguei tentando atracar meu barco num mar revolto e de forte correnteza, fui arrastada, bati contra as pedras, tal vez sejam estas as pedras do caminho, que dizem alguns poetas. E como doeu chocar-se contra elas, tive que ser forte, gritar tão alto quanto pude, mas ninguém pode ouvir meus gritos no silêncio... Sim, fui silenciosa em meio a minha dor, horrores, em fim, tão longos dias veio a tal calmaria, ou neste e exclusivo caso, somente a oportunidade de não ter uma correnteza tão forte indicando o sul. Fiz o atraque, ainda com as cordas frouxas, para caso eu desistisse ainda desembarcar por ali, desembarquei, no escuro, ainda com medo de onde era certo pisar naquele cais. Houve marinheiros que me estenderam a mão, houve os que tentaram me suprimir e pedir ou implorar, para que voltasse seja num porão negreiro, ou em qualquer caldeira decadente... Pus-me em pé, mantive a coragem, estou aqui. Tal vez olhando aquela linha do horizonte, distante, sem saber o que espera ainda seja meu sonho, minhas vontades recatadas do retorno, hoje com menos alarde, driblando meus devaneios em horas incomuns. Recompus-me, de imediato a capitão, em minha própria embarcação ‘adernante ‘, por vezes  vi o fundo daquele oceano escuro e frio, por vezes a vontade de cair esteve por perto, por vezes regressei meu timão a estibordo quando a ameaça a boreste era maior do que eu poderia temer ou tremer. Ah! Antes que se pergunte o porquê do uso da figura masculina, remeto a você que apesar do arredio, vejo força e coragem na figura masculina, sobretudo os que vivem nestes mares, poderia ser machismo, mas acredito mesmo que é apenas sabedoria divina, nós mulheres possuímos o mesmo tanto de força, para teimosia, e comandar a própria embarcação requer muitos maydai, homem ao mar e recuar velas.
O incerto foi a minha base desde a minha decisão por ele. E este incerto foi se acertando, não tão rapidamente, nem talvez como eu realmente gostaria, mas foi acontecendo.

Hoje? A vidraça dos meus medos são outros, pronta para qualquer momento estilhaçar-lhes de uma vez por todas. E quem sabe sentir o frio na barriga ao considerar-me corajosa o bastante para adquirir outros e novos desafios?


Saberemos na próxima crônica, se minha coragem de escrever-lhe permitir. Até a próxima! 

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