sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Batom vermelho, perfume doce, café amargo.

Aquele abraço que eu esperei... E não recebi.
Aquele sorriso que eu visualizava em sonhos... Mas nunca vi.
Aquele caminhos de folhas e flores que caminharíamos juntos... E não aconteceu.
Tudo no mundo colorido de menina, escureceu. As cores se dissiparam como um artista que borra sua pintura e corrige com o antebraço, misturando cores, deixando lúgubre o que poderia ser belo. 
O salto alto antes esquecido, foi tirado do armário, fora limpado com uma cautela e tanto, para que as cores da camurça vinho não parecesse envelhecida... Não foi possível. O vestido preto liso, guardado a bastante tempo, havia vincos, estava amassado. Seus botões de fechamento nas costas já haviam perdido todo brio que um dia tivera, mas foi retirado com ternura apesar do cheiro de mofo, com um carinho de uma mão que o alisava com saudade de algo, não se sabe exatamente oquê. Uma presilha de pérola rosa, era uma lembrança desconfortável de algo que foi bom, mas não pôde ser melhor, por isso resolvi não usa-la, apenas aquele cappello com renda francesa negra, para parte do rosto, acima dos olhos. Seus cabelos, ondulados caracóis de cobre, ficaram soltos.
A borrifada de perfume... Doce como um suspiro apaixonado, envolvente como uma salsa e sedutor como um olhar feminino, trouxe a memória, de olhos fechados, um sentimento que há muito já não existia, uma saudade, inflamada, mas apenas saudade... Tudo aquilo era demais, recordações boas, saudosas, por vezes amarga, vezes sofisticada em demasia, para um hoje tão simples. Nenhuma lágrima lhe escorregou do rosto. Somente quem a viu, pode perceber o passado tão presente, incoerente, tomando aquele momento para si.
Saí... Resolvi não mais ali estar, partí... Rumo ao Café com Letras, o espaço que me acolhia com suas milhões de estórias e histórias, com seus romances e suspenses, vezes educativa, vezes em linguagem infantil.  O aroma que ali dentro existia fazia a saliva aumentar... A que vontade de degustar. Ao chegar ao balcão, olfato e paladar pareciam em plena sintonia, apenas pareciam... Todas aquelas lembranças num fechar de olhos amargou, e o que era aroma, passou a ser apenas mais um café amargo na xícara alvinha, marcada pelo o batom vermelho bordô que usava, destacando em mim apenas, o que apaziguava o semblante triste, o esboçado sorriso... Discreto e que esconderia uma mente intangível.

Imagem Google.

domingo, 14 de outubro de 2012

O vazio que existe na luz e a graça da escuridão.

Existe um vazio que me invade, me aperta, me seduz, no gosto amargo e doce da solidão, do gozo do silêncio e ao mesmo tempo tão rude, tão agressivo mas que, fascina.
Como é bom tê-la por perto, a luz, mas nem sempre ela quer nos acompanhar, já que a escuridão de inicio assusta, forjamos ser cautelosos mas na verdade estamos com medo, por vezes perdemos até mesmo o chão, por não saber onde pisar e aonde escorar, mas por um período mais longo, há de se acostumar e começar enxergar, mesmo na total ausência de luz, e nela descobrimos o poder de silenciar e ouvir a própria e verdadeira voz, a interior. 
No breu silencioso, um sussurro pode levar a perdição, de duas almas, acorrentadas, mas, por amor decidiram silenciar.  



Mas, por amor? Que amor?  

Amor a uma boa conversa com o meu eu, meu interior,  para quem aprecia o silencio, mas não pode praticar a leitura, já que está escuro, mas pode praticar a conversa, com seus pensamentos, praticar o auto controle, desacelerar a mente, deixar de ser ansioso, por querer que algo aconteça, e de forma repentina acabando com uma angustia, essa criada por você mesmo, por não entender que o tempo chronos não é exatamente o seu tempo, e para isso existe a esperança, de quem espera mas com confiança.

E este vazio não me faz mal, é sadio, me faz refletir sobre o pouco que sou, tal vez um grão de areia, num universo tão vasto, tão escuro, e por vezes silencioso...

Uma boa energia para você que lê neste momento!!! 

Abraço.