segunda-feira, 29 de julho de 2013

A construção do meu muro



Com vergonha, me escondo em meus muros, gigantes e cheios de espinhos, não me julgue relaxada por deixa-los com tal aspecto... São os meus espinhos! 
Foram percorridos anos em duras pedras, ora parecendo brasas aquecidas pelo calor do sol, ou traduza raiva., ora sem muita dificuldade em pedras lisas e simétricas, contribuindo com o pisar dos meus pés descalços, de quem ainda não havia caminhado tanto, desprovida de sandálias a prova de cascalhos...
Cascalhos... Muitas vezes, essa palavra era o resumo da condição interna e psicológica de como me encontrava, e muitas vezes estava puramente vulnerável ao despejo de cascalhos alheios, de outras trupes, de outros momentos no meu pequeno e pobre amontoado de "cascalhos"...  Coisas vans, que me faziam mal, e não sabia largar, não sabia simplesmente dizer basta! Já chega! Ora, perdoem-me, era apenas uma menina, aparentemente sem muito medo do erro... Até porque demorei demais a acertar.  
Não se engane, não lamento o passado e sim vejo toda essa fase, sombria e enevoada, como o suficiente para eu saber por onde andei e por onde não quero mais pisar. O quanto em minha totalidade fui forte, tentando em uma busca desenfreada, superar, e atravessar um abismo, sem cair para dentro (e sempre) dele... No entanto, só consegui atravessa-lo quando silenciando pude ouvir a minha respiração, e apenas ela, a minha respiração... E pude perceber o quão aflita ali estava, e o quanto tinha de me acalmar para conseguir me mover sem cair, mantendo-me em equilíbrio. 
Ao atravessar, finalmente, uma alegria me tomou por completa, fui renovada, revigorada, existia uma mulher forte que havia vencido aquela difícil e árdua batalha, e está que só existia dentro de mim mesma, na alma.
Do outro lado? 
Grama verde, jardim e flores, perfumes e cores, tudo em vida... Não tive dúvidas, está tudo tão bonito, logo começaram estrangeiros a se achegar, logo os sorrisos começaram a me parecer fartos demais... Desconfie... Assim o fiz, e comecei a esmerar com sobra dos cascalhos que ainda existia, meu muro de pedras, duras e frias, pesadas, mas tudo em perfeição. Não me vejo solitária, pois não sou, assim como os becos, em meu muro há uma passagem secreta. Dentro dele há minhas alegrias e somente elas. 
As tristezas? 
Dispenso... As que tinha, as empreguei no muro. Minhas alegrias muitas vezes, nem sabem que estão do lado de dentro, mas acredito que percebam mesmo apesar do vento frio que sopra oriundo das frestas do mesmo, que rego-as com doçura, as vezes distante, mas sem deixar de ama-las. 
E a vida que segue, posso lhe garantir, é linda! Apesar dos pesares. Até porque o peso, é sempre válido, para darmos o real valor do que é leve...




Suave saudações aos meus queridos leitores. 


Imagem: Google

Está crônica é de autoria própria e meramente ilustrativa.
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Isplindiane