Eis que estou de volta, a eterna aprendiz, que não se
contenta com o muito, mesmo porque o único muito em sua vida seria a ansiedade
de crescer, aprender... Atravessei mares
e oceanos imensos, sem saber ao certo em que momento contaria isso a
vocês, ou em que tipo de metáforas
utilizaria para descrever tais fatos.
O quanto chorei, inundei, me afoguei tentando atracar meu
barco num mar revolto e de forte correnteza, fui arrastada, bati contra as
pedras, tal vez sejam estas as pedras do caminho, que dizem alguns poetas. E
como doeu chocar-se contra elas, tive que ser forte, gritar tão alto quanto
pude, mas ninguém pode ouvir meus gritos no silêncio... Sim, fui silenciosa em
meio a minha dor, horrores, em fim, tão longos dias veio a tal calmaria, ou
neste e exclusivo caso, somente a oportunidade de não ter uma correnteza tão
forte indicando o sul. Fiz o atraque, ainda com as cordas frouxas, para caso eu
desistisse ainda desembarcar por ali, desembarquei, no escuro, ainda com medo
de onde era certo pisar naquele cais. Houve marinheiros que me estenderam a
mão, houve os que tentaram me suprimir e pedir ou implorar, para que voltasse
seja num porão negreiro, ou em qualquer caldeira decadente... Pus-me em pé,
mantive a coragem, estou aqui. Tal vez olhando aquela linha do horizonte,
distante, sem saber o que espera ainda seja meu sonho, minhas vontades
recatadas do retorno, hoje com menos alarde, driblando meus devaneios em horas
incomuns. Recompus-me, de imediato a capitão, em minha própria embarcação ‘adernante
‘, por vezes vi o fundo daquele oceano
escuro e frio, por vezes a vontade de cair esteve por perto, por vezes
regressei meu timão a estibordo quando a ameaça a boreste era maior do que eu
poderia temer ou tremer. Ah! Antes que se pergunte o porquê do uso da figura
masculina, remeto a você que apesar do arredio, vejo força e coragem na figura
masculina, sobretudo os que vivem nestes mares, poderia ser machismo, mas
acredito mesmo que é apenas sabedoria divina, nós mulheres possuímos o mesmo
tanto de força, para teimosia, e comandar a própria embarcação requer muitos
maydai, homem ao mar e recuar velas.
O incerto foi a minha base desde a minha decisão por ele. E
este incerto foi se acertando, não tão rapidamente, nem talvez como eu
realmente gostaria, mas foi acontecendo.
Hoje? A vidraça dos meus medos são outros, pronta para
qualquer momento estilhaçar-lhes de uma vez por todas. E quem sabe sentir o
frio na barriga ao considerar-me corajosa o bastante para adquirir outros e novos
desafios?
Saberemos na próxima crônica, se minha coragem de
escrever-lhe permitir. Até a próxima!